O cenário político fluminense ganhou novos contornos após a divulgação da pesquisa Quaest, nesta sexta-feira, 22 de agosto. O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo Bacellar, surpreendeu aliados e adversários ao apresentar um salto expressivo nas intenções de voto para o governo do estado.

Segundo o levantamento, Bacellar praticamente dobrou seu desempenho em relação a pesquisas anteriores. Antes com cerca de 2%, o parlamentar agora aparece com quase 10% das intenções de voto, consolidando-se como um nome em ascensão na disputa.

O crescimento chama atenção principalmente porque acontece em um cenário de queda de outros pré-candidatos. O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que em levantamentos anteriores já chegou a beirar 60%, agora aparece com 35% das intenções. A diferença, embora ainda ampla, indica um enfraquecimento da hegemonia do prefeito na corrida eleitoral e abre espaço para movimentações de novas lideranças.

Analistas políticos avaliam que o avanço de Bacellar pode estar relacionado ao fortalecimento de sua atuação à frente da Alerj, onde vem articulando apoios regionais e se apresentando como uma alternativa viável ao eleitorado que busca renovação.

Com a disputa ainda em seus estágios iniciais, o desempenho do presidente da Alerj coloca pressão sobre os demais candidatos e adiciona um novo ingrediente à corrida pelo Palácio Guanabara. Se mantiver o ritmo de crescimento, Bacellar poderá se tornar um dos principais protagonistas da eleição estadual. 

Em terceiro lugar na pesquisa, aparece o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, com 5% das intenções, seguido de Mônica Benício 4%, Italo Marsili 2%, indecisos 15% e brancos/nulos 30%.

Um projeto em construção

Fontes ligadas à Alerj afirmam que o crescimento de Bacellar não é obra do acaso. Ele vem estruturando discretamente uma rede de apoios regionais, sobretudo em municípios fora da capital, onde o eleitorado ainda não se definiu. Esse movimento pode explicar a rápida escalada em sua intenção de voto.

Além disso, seu discurso tem explorado o desgaste da política tradicional e a necessidade de renovação — narrativa que encontra eco entre eleitores que já demonstraram fadiga em relação a nomes mais conhecidos.

O que dizem os bastidores

Nos bastidores, adversários reconhecem que o desempenho de Bacellar pode mexer no tabuleiro. Um deputado da base governista, em condição de anonimato, avaliou:

“Ele começou como um nome improvável, mas se continuar neste ritmo pode atrair lideranças estratégicas. O jogo mudou.”

Ao mesmo tempo, lideranças políticas mais experientes ponderam que transformar esse impulso em competitividade exigirá consolidar palanques, ampliar visibilidade no eleitorado da capital e, sobretudo, resistir ao escrutínio mais intenso que virá com o crescimento.

Desafio e oportunidade

O desafio para Bacellar agora é sustentar o ritmo. Crescer de 2% para praticamente 10% pode ser lido como fenômeno de empolgação inicial, mas manter a curva de ascensão exige estrutura de campanha, alianças sólidas e narrativa clara, e isto, Rodrigo Bacellar tem de sobra.

Ainda assim, a pesquisa trouxe um recado inequívoco: a disputa pelo governo do Estado do Rio de Janeiro, que parecia caminhar para a previsibilidade, ganhou um novo ator protagonista e um novo cenário.